“Se os partidos não entenderem o que se passou aqui hoje,
não percebem nada do que nós queremos.” Foi com esta frase que Rui Moreira celebrou
a vitória na corrida à Câmara do Porto.
Os movimentos de cidadãos independentes dos partidos marcaram
indelevelmente estas eleições autárquicas e alcança-se finalmente o cumprimento
da lei que desde 2001 veio permitir aos movimentos de cidadãos candidatarem-se aos
órgãos das autarquias locais.
Aquilo que se passou no domingo foi o reflexo de uma vontade
que não pode ser escamoteada. Os cidadãos estão fartos da forma de fazer
política a que os partidos nos têm habituado. O crescimento da taxa de
abstenção tem também que ver com isto.
Os Portugueses estão fartos das politiquices partidárias
baratas, dos joguetes de interesses e do domínio dos aparelhos. Estão fartos da
forma como os partidos andam a gerir este País, estão fartos que o maior
objetivo prosseguido pelos partidos seja o poder pelo poder como forma de dar
lugares aos membros dos partidos ou amigos nas entidades públicas, nas empresas
públicas, em empresas privadas onde os interesses em jogo levam à colocação de
amigos dos partidos.
Os Portugueses estão fartos que a política seja lodo!
Falta ideal. Faltam convicções. Falta pôr as pessoas no
centro das prioridades políticas. E enquanto isto não acontecer o nosso sistema
político vai continuar a apodrecer.
Preocupa-me muito que os partidos estejam a pensar rever a
lei eleitoral dos órgãos autárquicos. Os partidos em Portugal têm uma tendência
natural para se auto-proteger e isso vai conduzir à imposição de restrições aos
movimentos independentes.
Oxalá que não!
Marco Almeida, o candidato que por uma unha negra não venceu
em Sintra disse [em data que não consegui apurar] "Julgo que houve uma boa
intenção do legislador de abrir o processo eleitoral aos grupos de cidadãos, só
que na prática os constrangimentos que são levantados pela legislação são
imensos. A lei eleitoral limita bastante a sua participação".
Basta olhar para a quantidade de nomes que é preciso meter
nas listas ou para as burocracias para a proposição de uma lista para se
perceber dificuldades práticas que os grupos de cidadãos (e aliás também para
os partidos) enfrentam na hora de se apresentarem a eleições se apresentarem as
eleições.
É preciso entender o que se passou no domingo e aceitar a
vontade dos Portugueses. Se não não se percebe nada!
Nem mais!
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