A primeira reação, após leitura na diagonal ou depois de ouvido na rádio ou na televisão, é a de que Freitas do Amaral está a dizer que este Governo prepara-se para fazer montar uma ditadura.
Não é isso!
Freitas do Amaral disse duas coisas distintas. De um lado temos o Governo que está a criar condições para sair de cena. Do outro temos as consequências de um empobrecimento geral, ou seja, a maior suscetibilidade de cairmos em ditadura. Para ficar claro, Freitas do Amaral não diz que este Governo quer ser uma ditadura.
Parecem-me dois avisos importantes. Não acredito no primeiro, devemos estar muito atentos ao segundo. Vejamos então.
Penso
que o risco de uma ditadura é um risco possível, real. Estou certo que a vir uma
ditadura a mesma não vai ser fascista, nem sequer vai ter um senhor velhote e
atarracado. Mais certo, estou que a vir uma ditadura, vai mascarar-se de
democracia, provavelmente num modelo próximo da experiência latino-americana ao
jeito de Hugo Chavez. A vir uma ditadura será certamente populista e a puxar ao
sentimento, procurando misturar política, falso sebastianismo e arrebatamento
popular com a complacência da comunicação social.
Ora
Passos Coelho não encaixa certamente nesse modelo. Por outro lado, a Esquerda
demasiado ativista contra líderes de centro-direita, e negligente quanto a
líderes de Esquerda e Centro-Esquerda, não deixaria que qualquer líder de direita ou centro-direita se tornasse ditador.
O contexto
das declarações de Freitas do Amaral pode ajudar a explicar as declarações.
Freitas
do Amaral, histórico do CDS, foi Ministro dos Negócios Estrangeiros de José
Sócrates. (em determinado momento, e por motivos que até ao presente ainda não
se esclareceram bem – alegadamente por motivos de saúde –, apresentou a sua
demissão).
Haverá
alguma relação entre o aviso à navegação de Freitas do Amaral e uma semana de
presença intensa de Sócrates na comunicação social?
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